quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma tarde


Para bom entendedor

Eu nunca vou ser artista. Além da falta óbvia - talento -, tenho uma sobra larga: auto-crítica. Nunca entendi o desprendimento dos artistas. Como eles têm coragem de lançar suas obras sem preocupar-se com o que deles pensam os demais? Principalmente os amigos, aqueles que os conhecem de perto. Como suportam ser julgados ingênuos, simplórios, pretensiosos, ou simplesmente ruins?

Nunca seria artista porque tenho medo da opinião da plateia. E frustração por não ter ouvido...

Verde que te quero

Na minha casa tenho plantas. Dessas de supermercado. Mas elas vivem, verdes. Com ocasionais florzinhas, vermelhas, tímidas. E alegram a janela do apartamento novo.

Nunca me dei com plantas. De um namorado ganhei um bonsai e um cartão que dizia: "Cuide dele como se estivesse cuidando do nosso amor." Não é preciso dizer que morreu o bonsai. Alguns anos depois morreu também o amor.

Começo com as plantinhas de supermercado nas janelas do apartamento novo. Um dia, quem sabe?, arrumo outro bonsai.

Dona Emília

Durmo muito tarde. Acordo invariavelmente atrasada. A porta tem duas fechaduras. Na primeira, duas voltas para a direita. Razoável. Na segunda, cinco voltas para a esquerda. É que, em Belo Horizonte, todas as janelas têm grade.

Minha vizinha, Dona Emília, escuta a sinfonia das chaves. E corre a me contar que gastou meia hora entre a portaria do prédio e a padaria, logo em frente. A sobrinha também gosta de dormir até tarde.

E eu só tenho tempo de dizer:
- Bom dia, Dona Emília...
- É mesmo, Dona Emília?
- Mas não pode, Dona Emília!
- Então tchau, Dona Emília...

De porquê não vejo o mar

"A cidade aparece como um todo no qual nenhum desejo é desperdiçado e do qual você faz parte, e, uma vez que aqui se goza tudo o que não se goza em outros lugares, não resta nada além de residir nesse desejo e se satisfazer. Anastácia, cidade enganosa, tem um poder, que às vezes se diz maligno e outras vezes benigno: se você trabalha oito horas por dia como minerador de ágatas ônix crisópasos, a fadiga toma dos desejos a sua forma, e você acha que está se divertindo em Anastácia quando não passa de seu escravo."

Italo Calvino em Cidades Invisíveis

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Save the last dance

Uma das cenas mais lindas de uma das séries mais lindas.