segunda-feira, 30 de março de 2009

Copacabana me acorda

Copacabana me acordou hoje de madrugada. Não foi a briga dos vizinhos no prédio que me lembra o Maletta. A briga realmente me tirou de um sono tênue, que custou a vir, como sempre foram todas as noites de domingo para segunda.

Mas não. Nelson está doente e grita. A amante/amiga/companheira de quarto, para aplacar a dor do outro, grita ainda mais alto. Ela, claro, na agudez de sua voz feminina, se faz ouvir mais que o pobre. Vizinho do apartamento acima, com toda a sensibilidade e delicadeza, faz uso do cabo de vassoura. E bate na parede errada. Enquanto isso, nossos dois protagonistas concordam em uma coisa: ambos amaldiçoam a maldita doença.

Copacabana me acorda, me deixa alerta. Me tira de uma alienação confortável de vizinhança classe média. Onde mora a tradicional família mineira.

Copacabana me lembra da velhice, da doença, da homossexualidade, da prostituição, do exílio. De todos os apartamentos quarto-e-sala de todos os edifícios de 1950 e de todos os que dormem debaixo de suas marquises. E da solidão de todos nós.

2 comentários:

  1. meu Deus! Que coisa mais linda do mundo, gente! Arrasou com esse blog! Pode colocar o dispositivo aí de seguidores, porque eu serei sua seguidora, pati!
    beijos mineiros

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  2. Paty, querida, é nessa solidão que, finalmente, nos encontramos e, só assim, nos descobrindo, podemos nos dar por inteiro ao outro. E caminhar junto, com mais leveza, com mais amor. Tenho certeza que o Rio, muito em breve, será todo seu. Mas sempre, daqui de trás dessas montanhas, vamos continuar cuidando de você. Um beijo bem grande.

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